Arthur segue como Afonso "velho" sugere. Ele coloca o capuz do casaco, uma mão no bolso e caminha seguindo os outros. Ao passar por Luiz ele o puxa pelo ombro, afastando-o do cartaz. Vamos meu amigo, não há nada para ver aqui...

Luiz apenas segue o caminho. Suas pernas não o obedecem, pois não há vontade própria em sua mente. O movimento é conduzido por Arthur, que o guia, enquanto ele ainda está em choque.

Como é o clima daqui? Onde parece que estamos? A Ângela não está com a gente?

Nilo emparelha com o Afonso velho e simula um ar casual, falando baixo, embora sua voz revelasse um tom arisco: E aí, véi, que que tá rolando? Vamos ter problemas?

Afonso também curioso chega do lado de sua contraparte do futuro e questiona O que aconteceu? Isso é algo que eu vou saber ou algo que eu esqueci?

O grupo avança pela noite. A cidade parece abandonada. Não há quase ninguém andando e só ocasionalmente passa um carro ou um ônibus. O lixo está acumulado nas caçambas. Contudo, há luz em algumas janelas dos prédios, mostrando que ainda há habitantes.

Os cariocas logo percebem que estão em alguma parte da Tijuca, no Rio de Janeiro.



Shhhhhh, Afonso Velho diz com certa impaciência. Explico tudo quando chegarmos ao escoderijo.

Então, os jovens ouvem um barulho familiar: turbinas abafadas. Dois quarteirões à frente, três fortes holofotes iluminam a rua vindo dos céus e se aproximam rapidamente. Ao olharem pra cima, os mutantes veem...


Calma, Afonso Velho diz num tom urgente.

Arthur acompanha a versão mais velha de Afonso e observa a cidade. Parece que é o fim do mundo. Ao escutar o barulho das turbinas, o medo de uma situação não tão distante retorna ao jovem. Ao olhar para cima as suas pernas tremem, mas as palavras de Afonso são o suficiente para Arthur manter a compostura e seguir em frente. Principalmente pros mutantes...

Ainda em choque Luiz mal percebeu a presença das Sentinelas. Arthur continuou o guiando e ele seguiu os mesmos passos do colega.

Afonso entende que deve ser discreto e segue em silêncio.

Os Sentinelas se aproximam rapidamente e passam sobre os jovens mutantes sem se deter. Eles caminham por mais 15 minutos, cruzando uma praça e entrando numa ruela até chegar num prédio baixo e antigo.

Afonso Velho os conduz por uma passagem lateral até o fundos do edifício e abre uma porta com uma chave que tira do bolso. O apartamento do lado de dentro não é muito grande, composto por uma sala entulhada de caixas e equipamentos, uma cozinha num estado similar de desordem, um quarto igualmente lotado e um banheiro.

Após todos entrarem, Afonso Velho tranca as três fechaduras da porta e move, com dificuldade, uma cômoda para bloqueá-la. Ele pega um cabo conectado a uma tomada e, abrindo a bolsa, o pluga na máquina que havia ligado na rua.

Tem comida na geladeira... Eu... Tenho... Que descansar, ele diz, vagando até o quarto e caindo na cama. Em instantes, os jovens ouvem seu ronco.

Angela ainda nao se recobrou da mudança temporal, ainda atordoada e sem entender o que esta acontecendo ela se aproxima dos demais.

GEnte, onde estamos? o que esta acontecendo aqui?

O ambiente comum, apesar de totalmente desorganizado, trazia de volta a sanidade à Luiz. Que conveniente, trazer a gente pra um lugar desses e ir dormir antes de explicar o que está acontecendo, Luiz fala enquanto da uma espiadinha pela cortina. Ele continua caminhando pelo lugar procurando alguma pista de exatamente quando ele estavam. Eu acho que está meio óbvio que estamos no futuro, ele responde Angela enquanto abre a geladeira e pega água. Ele senta em uma cadeira e pergunta sem se direcionar a alguém especificamente Será que ainda existe internet?

Deve ser cansativo viajar no tempo, deixa ele descansar, parece que estamos seguros aqui. Arthur estava mais tranquilo e consegue pensar com mais clareza, ele mexe nas caixas procurando alguma coisa. Talvez tenha algum jornal por aqui.

Ow... Sei que é algo estranho, mas é de mim que estamos falando... Ou do que quem eu ainda vou ser... Jesus isso é confuso. Futuro com certeza, mas agora realmente parece que deu ruim e de uma maneira a enfatizar esse bem ruim. Diz Afonso.

O lusitano pega agua da geladeira e bem dá uma olhada pelo lugar observando as paredes se tem fotos ou se existem alguma coisa solta por ai que lhe chame a atenção.

Procurando pelo apartamento, os jovens encontram jornais, mas a maioria é bem velha e menciona o estabelecimento de toques de recolher a transferência de autoridade para o Programa Sentinela.

Outros documentos fazem menção a uma crise diplomática envolvendo mutantes no início da década de 2020; eles citam uma nação chamada Krakoa. O nome não desperta nenhuam lembrança nos estudantes.

Debaixo de uma pilha de papéis, o grupo encontra um laptop ligado. O relógio marca 19h04, 13 de julho de 2042. O computador não está conectado à internet, mas mostra que há uma rede wifi disponível: Sentinet.

Existe ainda uma TV de LCD de 32 polegadas. A câmera está coberta com fita isolante.

Com seu gestual típico de quando se põe a pensar, Nilo andava de um lado ao outro passando a mão no cabelo raspado. Ele tentava formular suas inferências e custou-lhe até poder dizer:

Véi, parece que você -- indicando Afonso -- voltou de um futuro possível pra mostrar que aquele lance com os sentinelas estava já se encaminhando pra isso! E, com uma expiração pesada, prosseguiu: Os caça-mutantes dominaram tudo... A gente precisa descobrir quem eram eles na nossa época e impedi-los! Tenho certeza que aquele almofadinha está... ou estava, não sei... envolvido! O D'Spayre não inventou todas aquelas coisas!

Luiz liga TV e senta em frente a ela. Depois de buscar por algum canal de notícias ele abre o laptop e navega pelas pastas e arquivos. Ele acaba raciocinando em voz alta após Nilo concluir seu pensamento, Certamente o velho Afonso já deve ter concluído quem são os responsáveis, porque não apenas escrever uma carta e enviar pra sua versão do passado? Teria exigido muito menos esforço do que nos trazer para cá. Mas se ele nos trouxe deve ser porque há algo que deve ser feito aqui, mas isso não mudaria a futuro...

Também acho que não é coisa do D'Spayre, Nilo. Pelo visto o ódio por mutantes que gerou esse futuro... Arthur se vira para Luiz e continua. Pois é, devemos poder ajudar em alguma coisa aqui, mas por que ele não trouxe adultos e mais experientes? Vê ai no PC se não inter... Antes de concluir, o jovem mutante vê a fita bloqueando a câmera da TV. Pensando bem, tem uma fita aqui na câmera, podem acabar achando a gente.

Ele procura uma cadeira para descansar, mas a desordem era tão grande que prefere sentar num canto da sala. Bom, melhor a gente tomar cuidado aqui, claramente as coisas não são as mesmas, temos que esperar ele acordar para responder essas perguntas.

Não acho que o tal D'Spayre tenha o dedo nisso o cara é um vampiro psíquico e acho que uma distopia onde as maquinas imperam não deva ser boa até pra ele.


Por que eu não me escrevi uma mensagem é uma boa pergunta, mas convenhamos que o ocorrido atual tenha mais peso e convencimento do que uma carta, porém eu digo ele poderia ter apelado ao professor McCoy ou a diretora também.

Vendo que mexiam no laptop Eu ia dizer pra não fazer a conexão de maneira alguma, pois se as maquinas estão no comando imagino que a internet não seja mais tão anônima quanto costumava ser.

A TV só tem um canal. No momento, está passando uma novela. Logo fica claro que o vilão é um mutante. No intervalo, as propagandas são em sua maioria informes oficiais sobre manter a vigilância e denunciar mutantes e "humanos anômalos".

O laptop possui várias pastas e arquivos. Numa delas, há várias fotos antigas e Luiz se reconhece e aos amigos em várias delas. Todos parecem ligeiramente mais velhos. Em algumas estão com uniforme diferentes – cada um com o seu.

Uma das fotos, que parece ter sido tirada do alto, reúne os jovens, vários de seus colegas no IEANC e mutantes famosos, como Charles Xavier, Ciclope, Wolverine e outros, numa praia paradisíaca com areais brancas e mar azul-turquesa. Todos estão vestidos com uniformes, como se fosse uma foto oficial.

Ao ver a novela e os comerciais Luiz pensa Propaganda, a maior arma das ditaduras.... As fotos no laptop trazem uma breve euforia a Luiz, Olha pessoal! Nos formamos!!! Nossa a Quati ficou muito bonita... O coração do jovem mutante acelera e ele sente um formigamento na barriga.

O futuro é indefinido ou separado em linhas ... Nossa presença aqui já pode ter alterado em muito o curso natural da história. Afonso olha a TV e olha pela janela aquela horrível destino. Nós não merecemos isso... Ninguém merece isso...

Arthur se aproxima do computador para olhar as imagens e aponta pra uma delas. Olha, a gente entra no time dos mais fortes! Ele da um longo suspiro, como se fosse um alívio saber que algum dia seria aceito por todos os colegas.
This message was last edited by the player at 19:14, Thu 14 May 2020.

Cuidado pra não encontrar algo pessoal demais e se achar ... não me conte. Afinal aquele computador é ou melhor será dele algum dia.

Nilo ainda remoía o assunto anterior, murmurando baixo: Eu não quis dizer que isso tivesse o dedo do D'Spayre..., abrindo a porta dos armários e vasculhando (se tiver um boné e um casaco, eu os visto). Só acho que o provável envolvimento do almofadinha na caça aos mutantes não poderia ter sido inventado por ele..., continua, perscrutando o conteúdo das caixas espalhadas.

E, ainda remexendo as caixas e equipamentos (quais são eles, aliás?), Nilo acrescenta: Talvez o motivo de trazer a gente aqui seja pra identificar os vilões e levar de volta alguma arma, ou informação, que possa combatê-los.

Após encontrar o boné e casaco, Nilo investiga as caixas. Elas contém peças de eletroeletrônicos. São muitas e dos mais variados tipos. Algumas caixas possuem ferramentas para trabalho na mesma área.

Com o avançar da noite, os jovens encontram lugares para se acomodar e acabam dormindo.
This message was last edited by the GM at 02:06, Sun 17 May 2020.