Dukac:
Dukac cai ajoelhado, atônito. O que foi que eu fiz?!
Tremor, cinzas e sangue.
Dukac revivia as lembranças torturantes do morticínio da sua aldeia. Seus "irmãos" e "irmãs" corriam em desespero, mas agora em vez de gritos, é como se gargalhassem, todos em uníssono. A gargalhada de Zathyr.
O bárbaro baixou os olhos para um cadáver caído à sua frente. Era uma mulher negra com uma túnica de linho branco.
Inae... o que ela faz aqui? Os olhos da Sábia se encontraram com os seus. Com o semblante maternal de sempre, ela parecia ouvir os seus pensamentos.
Todo erro pode ser reparado, Dukac. Lembra-te, só há uma arma capaz de vencer as trevas..., ela disse, levando gentilmente a mão ensanguentada ao rosto do bárbaro.
E assim que ela tocou a sua face, o lampejo de uma imagem tomou os seus sentidos. Uma presença...
absoluta, uma espada, emergindo do leito de um lago seco, aos pés de um vulcão.
Acorda, Dukac! Acorda!... A imagem foi escapando da mente aos poucos.
Não morre, maldito!
* * *
Não morre, maldito!, exclamava
Branco, pressionando a ferida torácica do bárbaro e tentando reanimá-lo.
Foi preciso a ajuda de
Lain para rolar o monstrengo de cima dele, e de coragem para retirar a lasca de pedra que o havia perfurado. Enfim,
Dukac despertou com uma tosse fraca, sorvendo o ar com dificuldade.
Louvada seja!, comemorou
Oriag ao ver o bárbaro recobrando a consciência.
UÊÊÊêêê...!!!, desataram os prisioneiros a celebrar a vitória.
As chaves que
Branco levava libertaram os hobbits do cativeiro. Eles estavam magros, sujos, abatidos... e ainda assim, traziam uma luz de esperança nos olhos!
Ao alcançarem a praça de Poaret,
Namai,
Andrós e os jovens ajudaram a acolher os aldeões com cobertas e canecas de sopa.
Dukac foi carregado no que restou da carroça até a Casa do Conselheiro, onde teve os ferimentos atendidos, à beira da lareira.
Os sobreviventes contaram os horrores da dominação Malvar.
Eles nos invadiram no início do inverno. Mataram o Conselheiro, tomaram nossa safra, forçaram-nos a trabalhar na mina... e, os que não aguentavam a labuta, deram de comer à criatura!
Seguiu-se um silencioso momento de luto.
* * *
O céu de Poaret se abriu e o acinzentado no horizonte anunciava o fim da madrugada.
Com a morte do Conselheiro, coube ao alcaide do vilarejo assumir o posto de liderança. Dessa forma, seguindo os ritos locais, ele reuniu-se a portas fechadas com pessoas da sua confiança, além de
Oriag e
Namai.
Eles deliberavam sobre o destino de Poaret. Depois de um certo tempo, convidaram a entrar no salão
Lain,
Branco e
Dukac, que caminhava apoiado no seu machado.
Algum deles escapou?, perguntou
Yulot, o alcaide.
Não, ninguém, respondeu
Oriag.
Ótimo! Isso significa que temos exatamente sete dias para nos preparar, completou
Yulot.
Oriag virou-se para
Branco e
Dukac:
Senhores, sua missão foi cumprida. Vocês estão livres para retornar a Dervis e receber o seu pago. Ele pausou, relutantemente.
Entretanto, os málvaros retornarão com os Ceifadores, e Poaret decidiu lutar dessa vez. Mais um instante, meditativo.
Eu lutarei com eles.
E ficaríamos eternamente gratos em contar com o comando militar de vocês três, concluiu
Yulot, mirando cada um dos três.
Todos à mesa aguardavam uma resposta com olhares ansiosos.