Lain:
(...) Com a desculpa de que queria agredecer pela hospitalidade. Sinto muito por aqueles cretinos, a elfa falou, em referência ao comportamento dos oficiais na noite passada. Tem sido sempre assim? Quem é o responsável pelo que está acontecendo na cidade?
Meliah arregalou os olhos em sinal de alerta e, muda, balançou a cabeça como quem dizia: "aqui não, por favor!", e saiu a varrer outro canto do salão. Seu pai não percebeu.
* * *
A feira de Sharu mais parecia uma "feira do rolo", onde o escambo protagonizava as relações comerciais. É claro que o dinheiro ali ainda tinha a sua valia, mas quase ninguém o possuía em quantidade suficiente.
Lain e
Dukac encontraram um antiquário, onde se vendia toda sorte de equipamentos de combate, peças de armadura e de armas de cerco, até mesmo raridades. O arco que
Lain comprou ali, embora ela não soubesse precisar a sua origem, pelo entalhamento certamente era élfico; as flechas, difícil dizer -- são rudimentares e poderiam, quem sabe, vir dos orcs. Já a adaga que
Dukac comprou, dadas as dimensões e o encurvamento da lâmina, provavelmente vinha de Bogol.
Numa outra tenda bem movimentada, uma tecelã vendia suas tapeçarias e uma enorme pilha de roupas usadas, de origem duvidosa -- algumas tinham visíveis perfurações e marcas de corte. Lá os dois também encontraram, a um preço razoável, peças apropriadas para o inverno de Huur.
Roupas de frio: 55 moedas
E, ao mesmo tempo que
Dukac negociava com o cavalariço ao lado o seu melhor alazão...
Lain:
Ei, amigo, chamou um dos mercadores, de onde são esses escravos?
Não muito distante, a elfa experimenta uma infeliz abordagem com o traficante de escravos. Ele é tomado de sobressalto, com uma expressão mista de indignação e desconfiança, passando o dedo nos bigodes longos e finos. Atrás dele havia duas jaulas, onde estavam encarceradas uma dúzia de pessoas ao todo.
Seus dois serviçais orcs se aproximaram, um de cada lado, com as mãos na bainha das suas espadas.
Fortuitamente,
Dukac percebeu a encrenca e correu até ela, chamando a atenção de alguns indivíduos por perto:
Dukac:
Isso não vai acabar bem!
O bárbaro acelerou o passo e chegou próximo dos dois. Olá meu nobre companheiro, desculpe interromper a conversa de vocês, mas eu gostaria de comprar um escravo.
O traficante, então, dobrou um pouco o tronco em reverência.
Dukac se envaideceu, sentindo-se importante e temido!... até escutar atrás de si:
E para que os dois pombinhos querem um escravo? Os dois se viraram e deram de cara com o oficial em comando, novamente.
Quer dizer, me chamou a atenção que vocês tenham um cavalo da extinta guarda de Dervis... e vocês não fazem o tipo "salteador". Então, me respondam: quem são vocês e o que querem aqui?, enfatizou as últimas perguntas com ar mais hostil.
* * *
Branco não teve o menor problema em despistar o seu perseguidor. Assim, imergindo na massa de transeuntes, o ladino contornou por trás do sujeito encapuzado e o espionou a algumas barracas de distância, pelas suas costas.
Branco:
Vamos ver o que você quer...
O homem virava de um lado para o outro, procurando por alguém, meio perdido. Mas, nessa hora, um certo alvoroço na direção do mercado de escravos chamou a sua atenção.
Depois de uns instantes, o sujeito sacou um pedaço de papel, de modo meio teatral, como se soubesse que estava sendo vigiado. Ele o dobrou e o prendeu por trás da armação da barraca ao seu lado. Em seguida, sem mais delongas, ele partiu para longe do alcance da vista.
Com cuidado e naturalidade para que não o notassem,
Branco passou pelo lugar e apanhou o tal papel. Nele estavam uns rabiscos feitos a carvão, sugerindo os contornos de um cavalo e de um sol entre montanhas.
O recado era claro: encontre-me nos estábulos ao pôr do sol.