Branco:
Agindo de forma natural ele saca sua adaga e entrega ao guarda. Boa noite irmão, teremos um encontro tranquilo essa noite, certo? Nenhum intrometido poderá nos surpreender?
O guarda recebe a sua arma e a coloca num enorme baú, junto com outras.
Teria de ser um intrometido bem informado e sem amor à vida, não?, ele pergunta com ameaçadora seriedade. Logo, ele e os seus colegas desatam em risos amistosos.
O sol prevalecerá, meu irmão!, o guarda disse de modo a despreocupá-lo, dirigindo-o à entrada das ruínas com um gesto de mão.
Gyles:
Não trago nenhuma como pode ver.
Não podia ser coincidência! Aquele soldado que terminava de se vestir, enquanto Gyles era revistado, devia ser o mesmo do ataque à caravana!
Adiante, por favor!, o guarda disse indicando o castelo.
Dukac:
Dukac se aproxima do soldado e levanta os braços, pronto para ser revistado. Hoje estou desarmado, meu amigo. Mas se quiser, pode me revistar. A danada ficou presa no bucho do último herege que peguei! Hehehehe.
Os guardas riram de volta, correspondendo à mostra de virilidade, e revistaram-no displicentemente — uns tapinhas debaixo dos braços e na cintura.
Pode passar, ele disse dispensando-o.
Jonin:
Amigo, ele diz, num tom amigável. Esse canivete mal descasca as maçãs que tanto adoro. Certamente, não representa ameaça a ninguém.
O responsável pela revista olhou preocupado para os lados. Ele estava convencido de que seria um preciosismo reter aquela faca de uso pessoal.
Tá! Só não use isso lá dentro, viu!, respondeu com aparente impaciência, receoso de que vissem a sua frouxidão.
Djeli passou pela revista sem dar um pio. Na saída da barraca, ele deu um ligeiro toque de cotovelo em Dukac, mostrando que ele viu a sua manobra (e, provavelmente, que ele usou a mesma tática).
Presumivelmente, vocês foram os últimos a atracar na ilha. Não se viam mais barcos se aproximando e, ao que tudo indicava, a cerimônia já estava para ter início. Vocês atravessaram a ponte de madeira, sobre o que antes era o fosso do castelo, deixando o exterior iluminado por tochas para alcançar o lúgubre pátio interno.
O interior das ruínas era mal distinguido na penumbra. Seus olhos foram se acostumando, reconhecendo-o aos poucos. A maioria dos presentes trajava a mesma capa e máscara que vocês, e ocupavam as laterais do pátio. No corredor que se formou no centro, uma figura alta e esguia pôs-se a andar solenemente, acompanhada do seu séquito, em direção a um tablado central.
Só então vocês puderam divisar a horrenda cena: diante do tablado, estava montada uma enorme fogueira, em cujo pilar central estava atado um casal de jovens hobbits, completamente nus. Uma lembrança logo ocorreu-lhes:
Narrador:
Ao passar diante do Templo dos Quatro Deuses, vocês notaram uma senhora hobbit em pranto e aos berros: Meus filhos! Cadê minhas crianças?! Nem os guardas, nem os transeuntes davam atenção ao seu lamento.
Todos se ajoelharam quando o cortejo cerimonial avançou, com as suas vestes douradas. Seu líder ocupou o tablado e os outros o circundaram, reverentemente. Então, vocês viram: os membros dessa procissão macabra usavam máscaras de crânios! Seu líder cerimoniosamente abriu a capa e uma série de pergaminhos, que ele levava preso ao corpo, se desenrolaram cobrindo o tablado.
O homem (se é que era humano!) iniciou um discurso fervoroso, quase histérico. Os demais aclamavam com o mesmo fervor, apaixonado e violento. Aí dentro das ruínas não se viam guardas armados. E os hobbits, pelados naquele frio, pareciam exaustos e mal se mexiam.