Os heróis estão no meio da praça Xavier de Brito, que se encontra semidestruída. Ao redor, mais destruição e feridos. Um som chama mais atenção do que outros: o lamento angustiado de uma mãe.

Danieeeeel! Meu filho não! Por quê?! Por quê?! grita uma mulher negra que só não colapsa, porque um homem que chora copiosamente à ampara.

Percebendo que o perigo imediato passou, os vários jornalistas que cobriam a batalha à distância avançam – parte se dirige ao casal, os outros convergem para os heróis.

Quem são vocês?!
Qual o nome do grupo?!
Quem era o menino?!
Você sabem por que o levaram?!
Por que vocês não conseguiram impedir os Caçadores?!
Vocês têm seguro pra cobrir os estragos?!
Vocês trabalham pro governo?!

Ao perceber que todos haviam fugido, Primal soltou um grunhido de desapontamento. Sem batalha ou perigo iminente, sua forma colossal rapidamente cedeu, e em poucos segundos, Rafael voltou a ser o médico que era. Mas agora, sem roupas, ele se afastou dos repórteres, envergonhado, e se escondeu atrás de uma árvore. Um policial se aproximou rapidamente com um cobertor, cobrindo-o e escoltando-o até uma viatura. Obrigado, murmurou Rafael. Isso sempre acontece...

Rafael não tinha a menor intenção de dar entrevistas – ele sabia que os repórteres estavam ali apenas em busca de sensacionalismo. No entanto, algumas perguntas o atormentavam. Ninguém causaria tanto estrago para capturar uma criança comum. E quem eram aqueles outros supers? Estariam dispostos a investigar esse mistério mais a fundo?

Ao lado da viatura, ele se virou para o sargento ao seu lado. Precisamos coletar o depoimento dos pais. Temos que descobrir mais sobre essa criança. Em meio à comoção, Rafael tentava trocar olhares com os outros heróis, sinalizando para uma reunião urgente. Era o primeiro caso de Rafael envolvendo uma criança e ele faria de tudo para salvá-la.

O que houve? Ficou sem saco pra continuar?, provocou-o em referência ao seu último ataque. Mas era tarde demais! A criança se foi!

Respirou profundamente, se recompondo, enquanto via a enxurrada de repórteres se assomar. Fez-lhes um tímido e fugidio cumprimento de punho-e-palma, enquanto buscava um rosto conhecido na multidão. Reconheceu o dono da pastelaria na muvuca e foi até ele: Irmão Sun, acho que vou me ausentar uns dias. Peça ao Instrutor Garcia para cuidar da Escola no meu lugar enquanto isso, por favor! Cumprimentou-o em agradecimento e saiu.

Encontrou o olhar do herói pelado, ex-peludo, e foi ter com ele e os policiais.

Um equipe de TV não deixa Rafael escapar. Após falar com o sargento, ele se vira para encontrar uma câmera apontada para a sua cara e um microfone próximo ao seu rosto que está na mão de uma mulher.

Jéssica Alves, do RJTV. Qual o seu nome? o senhor é um super-herói novo?

Nisso, uma van blindada preta e branca com DEMO escrito em letras garrafais na lateral chega na praça, seguida por um caminhão branco e azul com ANTARES escrito na lateral.

Os repórteres acompanham o Monge e bombardeiam Sun com perguntas: o senhor é super-herói também? Qual seu codinome? Quem é o instrutor Garcia? Onde fica essa escola? O que ensina?


Khar Loss vê que há uma equipe de TV com o herói e ele também ainda está com seu séquito próprio, que continua fazendo perguntas: o senhor é professor de quê? O senhor é brasileiro? De onde vem? Quais seus poderes? O senhor lidera o grupo? Aquele era seu ajudante?

Enquanto os vilões fogem por um portal sombrio, levando a criança como refém, Matraca observa a cena com um suspiro de frustração. Ele guarda suas katanas de forma estilosa, girando-as e encaixando-as nas bainhas com precisão, mas seu olhar está cheio de desânimo. Ah, que merda... sempre estragam a festa na melhor parte, ele murmura para si mesmo, lançando um último olhar para o portal que se fecha.

Logo, os repórteres e uma multidão de curiosos cercam os heróis, suas vozes se elevando em uma cacofonia de perguntas. Matraca, ainda se recuperando da fuga dos vilões, ouve as perguntas sem muito interesse no início, até que algo capta sua atenção.


Matraca ergue uma sobrancelha, uma ideia surgindo em sua mente. Ele sempre quis fazer parte de um grupo, um time que ele pudesse chamar de seu. Sem pensar muito, ele dá um passo à frente, abrindo um sorriso largo e encantador para as câmeras.

O grupo? Ah, claro! Nós somos... Matraca e Amigos! ele anuncia, fazendo uma pose triunfante com as mãos na cintura. E podem ter certeza de que vamos fazer de tudo para recuperar a criança e trazer justiça para esses vilões. Eles ainda vão se arrepender de ter cruzado nosso caminho!

Os repórteres continuam a bombardear com perguntas, mas Matraca se sente em êxtase, adorando a atenção. Depois de algumas respostas genéricas e poses heroicas para as câmeras, ele se vira para os outros heróis, que ainda estão processando o que acabou de acontecer.

Com um sorriso simpático, ele se aproxima e estende a mão para cumprimentá-los. E aí, galera! Prazer, sou o Matraca, o boca solta mais estiloso dessa cidade. Parece que agora somos um grupo, hein? Matraca e Amigos, que tal? Vamos quebrar tudo juntos e trazer essa criança de volta!