Ainda criança, Ogan de Kajuta foi dado como servo ao chefe do seu clã, para pagar uma dívida em grãos que seus pais adquiriram. E isto é tudo que Ogan soube dos seus progenitores.

Malembe, "o Touro", o criou e educou junto ao seu filho biológico, Kizila. Ambos gozaram de uma criação fora das lavouras e estritamente militar -- os filhos do Touro deveriam se tornar líderes um dia.

A vocação de Ogan para a guerra despertou uma velada predileção do Touro, além de uma óbvia inveja de Kizila. Este tinha uma aptidão inata para a política e a diplomacia, o que era indevidamente tratado como fraqueza pelo seu pai.

Quando adulto, Ogan foi nomeado o braço direito do Touro nas campanhas militares. Liderou combatentes em campo, conterrâneos e mercenários estrangeiros, trazendo vitórias e prestígio ao clã. E a Kizila foram confiadas as finanças da tribo -- tarefa considerada inferior e um insulto ao primogênito do Touro.

Os anos se passaram e a inveja de Kizila se converteu em ambição cega e vingativa, atraindo para si opositores ao chefe do clã. Um dia, Kizila incriminou falsamente o sacerdote do templo de Borag Bal, forçando a mão de ferro de seu pai a ordenar sua execução. A Ogan cabia a honrosa, porém ingrata, tarefa.

Tão logo a sentença foi cumprida, Kizila e seus apoiadores revelaram a farsa da condenação, fazendo o público crer que seu pai era um tirano. Assim, Kizila voltou a opinião da tribo contra o Touro e criou o ambiente perfeito para assumir o poder e matá-lo. Fatalmente, Ogan seria o próximo.

Num piscar de olhos, Ogan viu sua vida e sua terra lhe serem roubadas. Sem tempo a perder, ele apanhou suas armas e a melhor montaria, e incendiou o estábulo para dispersar os cavalos e evitar que o seguissem.

Cavalgou por dias a fio, até alcançar um povoado litorâneo. Lá ele trocou seu cavalo por uma passagem na primeira embarcação a zarpar.

Por questão de sobrevivência, Ogan precisou deixar tudo para trás. Mas, por honra, levou consigo a promessa de um dia fazer Kizila pagar pela sua traição.