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08:27, 4th May 2024 (GMT+0)

Nilo Carvalho

Nilo Carvalho foi adotado ainda bebê por um casal de meia idade em Porto Real (RJ). Seu pai, ex-ferroviário, faleceu dois anos depois e os deixou com uma magra pensão. Em desalento e às voltas com o filho, a dona de casa Marta Carvalho encontrou uma oportunidade de recomeçar a vida numa comunidade Daimista em Bocaina de Minas (MG).

Lá foram prontamente acolhidos pelo alagoano "Seu Tião", o conselheiro e sacerdote da comunidade, que constituiu a figura paterna na criação de Nilo. A valer, Nilo teve uma infância plena e sadia, e mostrava grande entusiasmo com as atividades de plantio e sacerdotais do grupo. Possuía um humor ácido, que arrancava reprimendas da sua mãe e fortes gargalhadas do "vô".

Certo dia, Seu Tião chamou Nilo para uma conversa privada logo após a sessão e contou-lhe que pressentia um grande risco para a comunidade e que via nele, Nilo, a figura de Acauã (símbolo da guarda espiritual deles); pediu-lhe, então, que se um dia algo acontecesse, que reunisse o povo num local seguro com a Pedra Fundamental da casa (elemento-chave do assentamento). Nilo não associou de imediato aquele presságio à visita de representantes de uma multi-nacional, semanas depois, interessados em comprar terras com alto potencial hídrico. A comunidade resistiu suas ofertas e ameaças, mas foi por poucos meses.

Numa noite Seu Tião, já acamado, mandou chamar Nilo e ordenou que retirasse todos da comunidade às carreiras. "Vai, fio, seu trabaio começa hoje! Mais, ó, alembra: cê num tá sozinho!" Sem demora, Nilo acordou a todos com o sino do refeitório e fez com que subissem nas caminhonetes, e logo viu furgões subindo a serra na direção deles. Os esforços para pôr Seu Tião numa das caminhonetes retardaram-lhes a fuga, de modo que o primeiro dos furgões já os tinha alcançado e fuzis já apontavam pela janela. E, aos primeiros disparos, algo surpreendente se produziu: Nilo estava com as mãos impostas e um campo invisível os protegia das balas. Outros dois furgões chegaram e das janelas arremessaram coquetéis molotov sobre as casas. "Corre!", rugiu Nilo e saltou para o mato, ao passo que as caminhonetes arrancavam com os choros e gritos de pânico.

Os furgões partiram no encalço dos fugitivos pela estrada que serpenteava morro abaixo, aos fundos da propriedade. E mais adiante, numa ponte sobre a garganta do vale, Nilo atravessou a frente dos furgões em velocidade. Num gesto feroz e intuitivo com as mãos, fez tombar da ponte o primeiro dos furgões. Os demais frearam, estarrecidos. Ao som do engatilhar de fuzis, Nilo ergueu-se no ar e com um brado furioso fez ruir a ponte com os demais a dezenas de metros de altura.

Nilo não teve tempo de lamentar, ou mesmo assimilar o ocorrido. Voou naquela noite, como "o Acauã", guiado pelo voz do vô Tião, rumo a Sombralta. Esse era o início da sua jornada e lá encontraria a ajuda necessária.