Re: STAR WARS: Soberania
In reply to Luke (msg #402):
Belo texto, não o conhecia ainda. E concordo em partes com você quanto ao fato de se adaptar ao grupo, sendo que o inverso se faz mais necessário em muitas situações. Explico.
Um belo exemplo seria Ars Magica, um jogo que seria pessimamente utilizado (correndo o risco de ser chato para o grupo) "adaptando-o" para um estilo gamist. O motivo é simples: em Ars Magica o personagem principal, o protagonista da campanha, é o covenant, e não os magos e companions que nele habitam - um detalhe que torna o jogo quase alienígena quando se depara com ele pela primeira vez. Nele, ao adquirir Story Flaws, você decide se aquele personagem terá uma importância maior ou menor na história (de acordo com o valor adquirido), uma vez que o jogo sugere ao Narrador explorar esse aspecto de tempos em tempos durante a campanha. Ou seja, temos um jogo em que os próprios jogadores, durante a criação de personagem, já contribuem com possíveis plots e ganchos para aventuras - se comprei "herdeiro do trono", meus concorrentes a ele podem tentar me assassinar, e que consequências isso teria para a campanha e os demais companheiros do personagem? Nem vou mencionar que você costuma fazer planos para 3 ou 4 anos dentro do tempo de campanha porque isso foi o primeiro detalhe que me fez repensar toda a minha forma de raciocinar o desenvolvimento de um personagem em RPG.
Usei Ars Magica como exemplo porque considero-o o jogo mais completo até então que poderia se encaixar nas categorias de Narrativismo ou mesmo Simulacionismo - o jogo se localiza na Europa Medieval e é extremamente fiel aos acontecimentos, e mesmo os seres mágicos nele presente nada mais são do que o folclore local. Nesse caso, os jogadores e o Narrador devem se esforçar para compreender o jogo e se adaptar, ou então desistir dele e ir em busca de outro mais apropriado aos seus desejos.
Novamente me alonguei, mas meu ponto é simples: um grupo deve se adaptar ao jogo, se é da vontade dele experimentá-lo. Nunca o contrário. Quer jogar D&D ou SW? Toca montar rápido um personagem maneiro e ir pro hack and slash (que é bem divertido também). Quer jogar Ars Magica, Cthulhu? Se prepare pra imaginar motivações e um bom background para o personagem, e também para interpretá-lo.
Caso não seja o desejo do grupo, melhor seria que procurassem jogos de acordo com seus desejos (como eu, que prefiro menos essa modalidade, então, ou não reclamo dos 700 pontos de vida em D&D, ou vou jogar, por exemplo, Ars Magica).
Então basicamente cada um joga o que quer, do jeito que quer. Apenas acredito que existam combinações mais de acordo com o objetivo, e que tentar experimentar algo novo não faz mal a ninguém.